terça-feira, 23 de novembro de 2010

Mais uma tragédia

Menino de 10 anos, que participou de video promocional sobre capoeira, morto pela polícia dentro de sua casa no Nordeste de Amaralina
 
video da Bahiatursa:
 
Matéria do jornal A Tarde:
Nordeste de Amaralina: PM afasta nove policiais após morte de menino
Nove policiais militares, que participaram da ação que culminou na morte de Joel da Conceição Castro, 10 anos, na madrugada da segunda-feira, 22, no Nordeste de Amaralina, foram afastados das ruas. Os soldados, lotados na 40º CIPM, vão fazer atividades administrativas durante o andamento da investigação militar, comandada pelo major Joseval Pinto. De acordo o capitão Marcelo Pita, os policiais entregaram as pistolas ponto 40, utilizados no dia do crime, que serão periciadas.

A morte do menino provocou três protestos dos moradores do Nordeste de Amaralina nesta segunda. A última manifestação aconteceu na noite de segunda, quando cerca de 200 manifestantes fecharam o trânsito totalmente na Visconde de Itaborahy, próximo ao quartel de Amaralina, de acordo com a Transalvador. A via foi liberada por volta de 19h30, mas o trânsito continuou congestionado no sentido Rio Vermelho, na Avenida Manoel Dias e na região da Pituba, em consequência do protesto.
Dois protestos contra a morte do garoto marcaram a manhã em Salvador. Primeiro, os moradores fecharam o trânsito na rua Visconde de Itaborahy e, depois, seguiram para a frente da 28ª Delegacia, no Nordeste de Amaralina. O grupo pediu justiça e dizia que a polícia matou a criança. 
As investigações estão sendo feitas pela delegada titular da 28ª CP (Nordeste de Amaralina), Jussara Souza. Nesta manhã, foram ouvidas várias testemunhas do crime, inclusive o pai da vítima, o mestre de capoeira Joel Castro, 43, conhecido no bairro como mestre Ninha.
A dona de casa Mirian Moreno Conceição, 38, mãe da criança é evangélica e buscava forças nas orações para encarar a cruel realidade. “A polícia chegou xingando as pessoas, procurando traficantes. Meu filho arrumava a cama para dormir, quando recebeu os tiros no rosto. O pai dele pediu para ele descer até a PM passar, mas já era tarde”, conta a mãe, emocionada, mostrando os colchões ensanguentados dentro do pequeno quarto de 4m². 

De acordo com a delegada Jussara Souza, já foi realizada a perícia no local do crime e a polícia investiga as duas versões do fato. A primeira é dos PMs, de que houve troca de tiros com bandidos, e a segunda é dos pais da vítima e vizinhos que presenciaram o assassinato, de que o menino foi morto pelos policiais da viatura 9.1311. “A PM apresentou uma pistola calibre 380 na Derca e a perícia será feita aqui na 28ª. Vamos recolher as armas de todos os envolvidos nas diligências na viatura informada pelas testemunhas”, pontua a delegada.

Segundo moradores do local, que pediram para preservar a identidade, uma guarnição da 40ª CIPM (Companhia Independente da Polícia Militar) teria chegado à rua atirando para todos os lados. “Os quatro policiais dispararam diversos tiros. O pai estava com a criança baleada no colo, pedindo socorro, e os policiais mandaram ele voltar, senão morreria também”, relata um dos vizinhos.
“Joel era um ótimo menino, bom aluno de capoeira e estava sendo preparado para se apresentar na Europa, mas eles destruíram mais um sonho”, lamenta Sílvio Santana, 38, o mestre de capoeira Falcão.
Morte - Joel da Conceição Castro, 10 anos, foi alvejado no rosto durante uma troca de tiros entre policiais e traficantes no Nordeste de Amaralina por volta da meia-noite desta segunda-feira, 22. O garoto chegou a ser levado para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu aos ferimentos e faleceu duas horas depois.
Segundo um agente do posto policial instalado no HGE, o corpo do garoto encontra-se no Instituto Médico Ilegal (IML) para perícia. A investigação busca descobrir se o tiro que atingiu a criança partiu dos policiais ou dos traficantes.
Em janeiro deste ano, o pequeno Joel participou juntamente com o pai de um vídeo institucional da Bahiatursa (Empresa de Turismo da Bahia). Ironia do destino, na peça publicitária, a criança revela a vontade de se tornar mestre de capoeira como o pai.

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