sábado, 31 de julho de 2010

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Ministro da Cultura no Ilê Axé Opô Afonjá

O Ministro Juca Ferreira (Cultura) aproveita o único dia de intervalo que terá na Presidência da 34ª Sessão do Comitê do PatrimônioMundial da Unesco, que se realizaem Brasília, para vir a Salvador prestigiar o centenário do Ilê Axé Opô Afonjá, domingo (01 de agosto). Ele vai anunciar que o Ministério da Cultura (MinC) vai reformar a Casa de Omolu no terreiro. O Ilê Axé Opô Afonjá é um dos seis terreiros tombados pelo MinC. 

Fonte: http://blogdojucaferreira.com.br/

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Minicurso “O Islã na África Ocidental: gênero, autoridade, identidade e modernidade” no CEAO

Minicurso
Dra. PENDA MBOW – DAKAR, SENEGAL

O programa Sephis no Brasil convida todos a participarem do minicurso “O Islã na África Ocidental: gênero, autoridade, identidade e modernidade ” a ser realizado no CEAO com a historiadora senegalesa Penda Mbow. A professora Penda tem uma história de pesquisa ligada ao Islã e a questão de gênero e cidadania. Ela foi diretora do Instituto de Gênero do Codesria; tem um Doutorado honoris causa pela Universidade de Uppsala na Suécia, também é consultora do UNIFEM e da embaixada da Holanda; é membro consultivo do gênero do CEDEAO e foi ministra da educação no Senegal; com a Présence Africaine de Paris ela trabalha como correspondente e é editora da Africa Zamani.

O quê? Minicurso com a Dra. Penda Mbow
Sobre? O Islã na África Ocidental e questões de gênero, autoridade, identidade e modernidade.
Onde? CEAO – Largo dois de julho, Salvador – BA
Dias? 3-5 de agosto de 2010.
Horário? 18.30 às 20.30h.
Número de vagas? 30
Valor? R$30, 00
Inscrições onde? Na sala do Sephis exclusivamente às terças e quintas à tarde ou durante a semana na secretaria do Ceao
Haverá tradução? Sim
Haverá certificado? Sim, com entrega no último dia de curso.

Informações com
Alyxandra Gomes – Coordenadora do Sephis
alyxandragomes@yahoo.com.br, Tels.71-87246364//33627552

Lançamento do livro Memorial Mãe Menininha do Gantois - Seleta do Acervo

Este livro bilíngue foi traduzido para o inglês por H. Sabrina Gledhill

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Câmara homenageia 100 anos de reinado do Ilê Axé Opô Afonjá

O Axé Opô Afonjá, assim como o terreiro do Gantois, é oriundo da Casa Branca, o Ilê Axé Iyá Nassô Oká, terreiro cuja história remonta há 300 anos, quando a comunidade nagô se instalou onde hoje é a Barroquinha

14.07.2010 | Atualizado em 14.07.2010 - 09:37


Andréa Farias/CORREIO

Mãe Stella recebeu homenagens de autoridades
Felipe Amorim/Redação CORREIO
A árvore do Irôco, de tronco redondo e copa espessa, deu as folhas que encheram o chão da Câmara Municipal de Salvador. A árvore ancestral é uma das moradas de Xangô, o dono do Ilê Axé Opô Afonjá, a casa homenageada, que este ano completa 100 anos de fundação, na antiga estrada de São Gonçalo.
Hoje, o Ilê Axé Opô Afonjá possui escola, museu e continua a tradição do matriarcado das cinco ialorixás que fizeram do templo referência nacional para o culto das religiões de matriz africana. Em iorubá, o nome do terreiro quer dizer Casa da Força Sustentada por Xangô. Afonjá é uma das qualidades de Xangô, orixá de mãe Aninha, a Obá Bìyí, ialorixá que começou toda
essa história.
Ontem, uma sessão especial na Câmara homenageou o terreiro centenário. “Fui vereador muitos anos e poucas vezes vi esse salão tão bonito e luminoso. Quando o poder político se abre para reconhecer outros poderes como o religioso, ele se abre para a sociedade”, afirmou o ministro da Cultura, Juca Ferreira. “Essa é uma das três casas matrizes do candomblé no Brasil. Suas sacerdotisas têm pontificado na história da Bahia, até mesmo pelo seu heroísmo e resistência”, diz o vice-prefeito Edvaldo Brito. Em 1976, Brito era secretário de Justiça do governo Roberto Santos, quando foi extinta a obrigação dos terreiros de pagaremtaxas e se cadastrarem na polícia para exercer seus cultos religiosos.

Câmara de Vereadores realiza homenagem ao centenário do Ilê Axé Opô Afonjá
Brito se refere às cinco ialorixás que estiveram à frente do terreiro desde a sua fundação: mãe Aninha, mãe Bada, mãe Senhora, mãe Ondina e mãe Stella. O Axé Opô Afonjá, assim como o terreiro do Gantois, é oriundo da Casa Branca, o Ilê Axé Iyá Nassô Oká, terreiro cuja história remonta há 300 anos, quando a comunidade nagô se instalou onde hoje é a Barroquinha. Só depois, o terreiro seria implantado no local onde hoje passa a avenida Vasco da Gama.
Foi na Casa Branca que a quituteira Eugênia Anna dos Santos foi feita filha de santo. O tino de comerciante permitiu a ela juntar dinheiro e arrendar 25 tarefas de terra na Estrada de São Gonçalo, onde, em 1910, fundou o Ilê Axé Opô Afonjá e tornou-se a admirada mãe Aninha.Uma tarefa era a medida de terra usada para o plantio da cana-de-açúcar e, na Bahia, equivalia a cerca de quatro mil metros quadrados.
Agora, como diz mãe Stella de Oxóssi, herdeira religiosa do Axé Opô Afonjá, é “continuar segurando a rédea das coisas, mostrando a veracidade da crença”. Foi mãe Stella que, em 1983, no Congresso Mundial das Religiões Afro, defendeu o abandono do sincretismo. “Ela foi uma voz política importante, que mostrou que o candomblé não precisa se vestir com o manto de outra
religiosidade para se apresentar à sociedade. Como ensina mãe Stella, nada se mantém vivo semse transformar”, diz a vereadora Olívia Santana (PCdoB).

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Jornal A Tarde: Ilê Axé Opô Afonjá começa as comemorações do seu centenário

Em um oriki, nome em iorubá para um tipo de poema, que compôs para Xangô a quem era consagrada, Mãe Aninha  pediu que ele não a deixasse chorar à toa e lembrou que era a pequena filha da divindade que domina a justiça, os raios e os trovões. Pela trajetória do Ilê Axé Opô Afonjá, terreiro fundado por ela e que está festejando 100 anos, pode-se dizer que Xangô atendeu suas preces.
A data de nascimento de Mãe Aninha, 13 de julho, serve como marco para o início da festa. Neste dia, a Câmara Municipal de Salvador vai realizar, a partir das 18 horas, uma sessão especial. Outras atividades ainda vão acontecer durante este mês (confira a programação a baixo).
“Vi Mãe Aninha duas vezes. Era negra, alta, imponente e altiva. Conversava puxando os erres e falava francês. Imagine o susto de intelectuais que frequentavam o terreiro e a ouviam falar nessa língua”, conta Mãe Stella.
Numa época em que a religião dos descendentes de escravos era marginalizada, Mãe Aninha dava exemplo de habilidade política ao dominar a língua das ciências e da alta sociedade. Era  filha de africanos da etnia grunce (Aniió e Azmbriió), um dos muitos povos escravizados no Brasil. Recebeu o nome de Eugênia Anna dos Santos.
Mãe Aninha se tornou sacerdotisa de candomblé pelas mãos de Marcelina Obatossi (Maria Júlia Figueredo), que era prima e filha-de-santo de Iá Nassô, a fundadora da Casa Branca que é considerado o mais antigo terreiro de tradição ketu do Brasil.
Estas e outras informações sobre Mãe Aninha estão no livro Cartas de Édison Carneiro a Artur Ramos, de autoria do antropólogo Vivaldo da Costa Lima, um dos mais renomados pesquisadores brasileiros. Ele escreveu o livro em parceria com o historiador Waldir Freitas Oliveira.
Desentendimentos na Casa Branca a levaram a sair de lá e buscar outro caminho. Antes de fixar o terreiro em São Gonçalo do Retiro migrou por localidades como o Camarão, no Rio Vermelho, Santa Cruz e Amaralina.
Em todo este processo, Mãe Aninha foi acompanhada por sacerdotes renomados nos meios afrorreligiosos baianos, como  Tio Joaquim, Bamboxé Obitikô e Martiniano Eliseu do Bonfim.
Confira a agenda comemorativa

13/07 - Sessão especial de celebração do centenário do Ilê Axé Opô Afonjá na Câmara Municipal de Salvador, a partir das 18 horas, no Plenário Cosme de Farias;
30/07 - Evento comemorativo no barracão de festas do Afonjá. Às 19 horas, saudação à Casa pelos alabês do terreiro, seguida da abertura do evento, performance do dançarino e coreógrafo Clyde Morgan, lançamento de selo comemorativo pelos Correios e apresentação do afoxé Filhos de Gandhy;

31/07 - A partir das 8 horas, no terreiro, inauguração do busto de Mãe Aninha, mesas-redondas, palestras lançamento de livros e exibição de vídeos, além da apresentação do bloco Cortejo Afro;

01/08- Palestras no barrracão de festas, apresentação de grupos de capoeira, dança e da Banda Aiyê. 

Link original: http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=4732308

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Cem anos de solidariedade

Ildásio Tavares

Tem-se falado levianamente das origens do candomblé. Na Sociedade de Ciências de Paris ficou proibida qualquer tese sobre origens. É muito difícil precisar o ponto de partida de um fenômeno histórico, cultural ou antropológico.
Sabe-se da presença esparsa de africanos da costa ocidental desde Tomé de Souza, em cuja frota vinha Carlos de Lagos, um evidente nigeriano. É óbvio que os adeptos do culto dos orixás, mesmo vindo sós (ou apenas com suas famílias) deveriam ter trazido seus manes, seus penates, seus deuses lares como os orixás eram cultuados na África Ocidental, por aqueles do ramo Kwa como nos ensina a mestra de todos nós, Yeda Pessoa de Castro.
Entretanto, a institucionalização do culto pode ter sua origem (aproximada) aferida pela venda de levas de escravos após conflitos inter-étnicos entre os negros. Sabe-se que o Reino de Ketu
cai por volta do final do século XVIII. E que antes desta queda duas princesas gêmeas, filhas do rei de Ketu foram vendidas ao Brasil e uma delas Otampê Ojarô plantou o axé do Terreiro do Alaketo. Este é, sem dúvida, o terreiro mais antigo do Brasil.
Mas não muito atrás vem o Ilê Ya Nassô ati Bamboshê Obitikô, Casa Branca do Engenho Velho que, usando critério semelhante,de datação, deve ter sido fundado após a queda do Reino de Oyó, aproximadamente em 1839. Desta raiz sai o Ilê Yaomi Axé Yamassê, Terreiro do Gantois, provavelmente em 1865.
Fazendo o seu centenário este ano, o Ilê Axé Opô Afonjá tem uma charneira líquida e certa em documentos de época e na data escrita no frontão da primeira casa deste egbé, fortuna da fundadora do terreiro, Mãe Aninha, ter encontrado, de cara, uma fonte, e ali erigiu uma casa para abrigar sua Yemanja de nação Grunci, tabu para os homens entrarem.
Mãe Aninha. Eugênia Ana dos Santos. Mais que uma yalorixá, uma estadista. Fundou um poderoso quilombo que está de pé e que teve em suas sucessoras um constante acrescento de grandeza. Falava francês. Tocava piano.O Alafin de Oyó deu-lhe o título de Yá Nassô – O Opô Afonjá é uma réplica de Oyó. Lá, o Alafin é um Xangô encarnado, A Yá Nassô e o Balé Xangô os sacerdotes supremos. Afonjá foi destronado pelos muçulmanos. Ela assentou o Xangô Afonjá, ela própria era a Ya Nassô e Theodoro Pimentel o Balé Xangô.
Conflitos entre Mãe Aninha e Theodoro, fizeram-na criar o corpo mítico e místico dos 12 Obás de Xangô, disseminando o poder masculino. Mãe Senhora, outra estadista, ampliou o corpo para 36, com os ossi e otun e consolidando-o. Após um breve reinado de Bada, viria Mãezinha. Austera, recatada, fina mão de jogo, generosa, Ondina Valéria Pimentel, a que nasceu no mar, seria sucedida pela estrela mais fulgurante do candomblé, até no nome, Mãe Stella, outra estadista, além do culto, líder a iluminar o povo negro, com seu saber, seus livros. Que continue a nos iluminar por mais cem anos de grandeza e glória do Ilê Axé Opô Afonjá, Motumbá, minha mãe Axé.

sábado, 3 de julho de 2010

Inscrições abertas para Aluno Especial do PosAfro do CEAO/UFBA de 5 a 8 de julho 2010

 
SELEÇÃO ALUNO ESPECIAL 2010.2.

QUADRO DE DISCIPLINAS 
Período da Inscrição: 05 a 08 de julho de 2010
Local: Secretaria do Pós-Afro - CEAO, Lgo. 2 de Julho, 42
Horário: 14:00 às 17:00
Resultado da seleção: 15 de julho de 2010


------------------------------------------------------------------------------------------

DOCUMENTAÇÃO EXIGIDA PARA INSCRIÇÃO DE ALUNOS ESPECIAIS
.  
Ficha de Inscrição
(Número de cópias igual ao nº de disciplinas solicitadas  mais uma cópia)

.
Formulário de Cadastro de Aluno Especial de Pós-Graduação
(Preencher em letra de forma ou no computador)


. Currículo Vitae (Número de cópias igual ao nº de disciplinas solicitadas)
. Cópia de RG e CPF (autenticados)
. Guia de Recolhimento Autenticado

. Cópia do Diploma de Conclusão do Curso (Número de cópias igual ao nº de disciplinas solicitadas mais uma cópia, autenticados)
. Cópia do Histórico Escolar (Número de cópias igual ao nº de disciplinas solicitadas mais uma cópia, autenticados)



 A Guia de Recolhimento para pagamento da taxa de inscrição é obtida na internet no endereço: http://www.sgc.ufba.br/sgcboleto/inscricao_selecao.htm 
Na opção Inscrição para seleção de cursos/Aluno Especial na Pós-Graduação, colocar nome e CPF, gerar boleto, pagável em qualquer agência do Banco do Brasil.



Valor da Inscrição: R$30,00 (trinta reais) para Mestrado e R$40,00 (quarenta) para Doutorado     



-----------------------------------------------------------------------------------------


OUTRAS INFORMAÇÕES
. Resultado da Seleção: 15 de julho de 2010 Mural e Internet (www.posafro.ufba.br).

NÃO FORNECEMOS RESULTADOS POR TELEFONE



. Matrícula: data a ser divulgada - Entrega na Secretaria do PosAfro de comprovante de pagamento da taxa de matrícula, no valor de R$60,00 (sessenta reais) para Mestrado e R$80,00 (oitenta reais) para Doutorado. A Guia de Recolhimento para pagamento da taxa de matrícula é obtida na internet no endereço - http://www.sgc.ufba.br/sgcboleto/matriculas.htm -  colocar nome, CPF e gerar o boleto, pagável em qualquer agência do Banco do Brasil.



Serão selecIonados até 10 (dez) alunos por disciplina ou a critério do professor responsável pela disciplina.



Obs.: O Aluno Especial poderá matricular-se em até 04 (quatro) disciplinas, respeitando o limite máximo de 02 (duas) disciplinas por semestre - § 1º do Artigo 14 das Normas Complementares dos Cursos de Pós Graduação.
Link para a página original: http://www.posafro.ufba.br/alunoespecial.php
Link para a página do CEAO: http://www.ceao.ufba.br/

Estudos apontam perseguição a religiões afro


por cristiano
 
última modificação 07/06/2010 14:25
De histórica invisibilidade, a intolerância contra práticas religiosas de matriz afrobrasileira ganhará estudo detalhado no Rio
 
Leia mais:
 
Pesquisa busca origem étnica de escravos
 



Leandro Uchoas
do Rio de Janeiro (RJ)



No início de maio, uma missão decidiu investigar, no Rio de Janeiro, um dos mais velados e complexos problemas dos afrodescendentes no Brasil. A Relatoria do Direito Humano à Educação se incumbiu de decifrar casos de intolerância religiosa contra praticantes de candomblé, umbanda e outras religiões de matriz africana. A proposta é parte da missão “Educação e Racismo no Brasil”, realizada em diversos estados ao longo deste ano. Com apoio da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) do Rio de Janeiro, a equipe também se propôs a investigar a situação da educação em área de remanescentes de quilombolas.

Segundo os estudiosos, a intolerância contra práticas religiosas afrobrasileiras enfrenta a indiferença social. O problema sofre de notória invisibilidade. Entretanto, por conta principalmente do preconceito por parte de adeptos de religiões neopentecostais (Igreja Universal, Internacional da Graça, entre outras), práticas religiosas chegam a ser quase proibidas em determinadas regiões. O aumento dos praticantes de cultos neopentecostais, e de seus poderes midiático e político, somado à ambiguidade das políticas educacionais seriam as principais causas da intolerância religiosa. Márcio Gualberto, do Coletivo de Entidades Negras do Rio de Janeiro, ironiza o preconceito. “As religiões de matrizes africanas não têm como cultuar o diabo, até porque esta figura não existe em nosso panteão”, diz.

Em janeiro, o Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos da UFF (InEAC-UFF) lançou o dossiê “Intolerância Religiosa no Rio de Janeiro”. O documento analisa conflitos relacionados a diferenças identitárias e étnico-religiosas no Estado, de forma a entender o tratamento dado a essas distinções por parte de instituições públicas. “A intolerância religiosa tem total invisibilidade por parte do Estado e dos próprios movimentos sociais. É a falsa ideia da democracia racial”, afirma Fábio Reis Mota, cientista social do InEAC-UFF.

Entre 2008 e 2009, a CCIR acompanhou 17 casos específicos de registros policiais de intolerância religiosa, registrados no dossiê. Uma das constatações da Comissão foi a dificuldade de a polícia perceber a importância do registro de ocorrência. Muitas vezes, as vítimas são convencidas a não registrar, como se tivessem vivenciado um problema menor. “A polícia chama esse tipo de evento de 'feijoada', algo menos importante”, diz Fábio. Os dados revelam que a maioria das vítimas tem mais do que 21 anos. Entre os autores de crime religioso, a idade mínima cresce para 40 anos, o que talvez revele um grau de intolerância maior entre os mais velhos. A maior parte dos casos ocorre na instituição religiosa ou na casa da vítima.

Outra crítica feita pelos pesquisadores diz respeito ao tratamento midiático. A religiosidade afrobrasileira seria retratada de forma estereotipada, reforçando preconceitos no imaginário social. “A mídia televisiva não tem um tratamento homogêneo para as religiões africanas. Uma parte dela aceita a diversidade religiosa, e podemos ver personagens positivos. Entretanto, esse segmento que tende a tratá-las positivamente costuma fazer das religiões de matriz africana exemplos da exceção, e não da regra”, afirma Joel Zito Araújo, diretor do documentário “A negação do Brasil”. “Em determinados casos, assistimos na pregação de pastores, ou nos comentários nada sutis de apresentadores de TV, uma estereotipização dos praticantes de cultos afros, enfaticamente retratados como cultuadores do demônio, alimentando uma rede de preconceito, ódio e ignorância”, completa.

Guerrasanta

Segundo o professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), José Flávio Pessoa, sempre houve essa repressão. Mudou apenas a maneira como se dá. Sacerdotes dos calundus, formas rudimentares de religiosidade existentes até o século XIX, eram perseguidos e assassinados. “Até os anos 1950, a Igreja Católica promovia a perseguição. Nessa época, a polícia ainda entrava nos templos, destruía seqüestrava bens. A partir da década de 1970, as igrejas neopentecostais ganham expressão e promovem uma verdadeira 'guerra santa' contra a religiosidade afrobrasileira. E eles têm formas diversas de pressionar o Estado, como proibindo o sacrifício de animais e cultos barulhentos”, afirma.

A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa foi formada em março de 2008, após um incidente na Ilha do Governador. Praticantes de religiões neopentecostais expulsaram casas de umbanda e candomblé do local, destruindo templos. Na ocasião, adeptos das religiões de matriz africana se uniram e organizaram um protesto em frente à Assembleia Legislativa (Alerj). Em seguida, eles formaram a CCIR, com o objetivo principal de combater o preconceito religioso. As duas principais criações da Comissão foram a “Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa” e o “Fórum de Diálogo Inter-religioso”. O grupo tomou como uma de suas principais reivindicações a criação de uma delegacia especializada para repressão ao crime de discriminação étnico-racial-religiosa.

Márcio Gualberto, do Coletivo de Entidades Negras do Rio de Janeiro, conta que, em 2009, uma mulher trajando roupas referentes à sua religião recebeu uma cuspida em Campo Grande , de uma evangélica de igreja neopentecostal. No mesmo ano, uma casa de umbanda foi atacada no Catete por fanáticos religiosos. Segundo ele, o Coletivo estaria planejando para 2011 a Conferência Nacional sobre Liberdade Religiosa, a ser convocada pelo governo federal. “Casos de intolerância são muito maiores do que imaginamos. Os agentes perpetradores são os mais variados e percebemos não só a omissão como, às vezes, o próprio Estado como agente”, acusa.



 

sexta-feira, 2 de julho de 2010

CONFIRMAÇÃO DA NOVA IYA KEKERE DO ILE AXÉ OPO AFONJA

Horário: 5 julho 2010 de 19:30 a 23:00
Local: ILE AXÉ OPO AFONJA

Rua Direta de São Gonçalo do Retiro, 557, Cabula, Salvador-BA

Descrição do evento:

Durante o XIRÊ em homenagem a XANGÔ AFONJA se tem como ponto alto da Festa a CONFIRMAÇÃO DA EGBOMI "DITINHA DE IYEMANJA" como IYA KEKERE da Casa. Tratá-se do segundo posto de autoridade máxima da casa, logo após o posto de Iyalorixá ocupado por Mãe Stella de Oxossi. O posto de Iya Kekere estava vago há bastante tempo, desde o falecimento da querida MÃE GEORGETE, última a ocupar o cargo.