segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Prefeitura torna patrimônio cultural do Rio obra de Machado de Assis


Bruna Talarico, Jornal do Brasil

RIO - O centenário da morte do escritor Machado de Assis, comemorado nesta segunda-feira, levou a Prefeitura da cidade a declarar como Patrimônio Cultural Carioca toda a obra literária do autor e a tombar os imóveis que serviram de residência ao pai de Dom Casmurro. A decisão será publicada nesta segunda no Diário Oficial do município.

Os imóveis deverão preservar fachada e telhado originais para receber da prefeitura incentivos como a isenção de IPTU. A casa na qual Machado viveu entre os anos de 1869 e 1871, localizada no número 147 da Rua dos Andradas, encontra-se atualmente abandonada e apresenta precárias condições estruturais. Já a construção da Rua da Lapa, atualmente localizada pelo número 242, antigo 96, está invadida por pelo menos 15 famílias, como noticiou o Jornal do Brasil no início do mês.

No casarão de estilo neoclássico, Joaquim Maria Machado de Assis dividiu sua vida com a mulher, Carolina Augusta e Novaes, entre os anos de 1874 e 1875. Segundo a legislação de preservação de imóveis, o tombamento não prevê a intervenção da prefeitura na administração do bem particular.

Para o historiador Milton Teixeira, a prefeitura cumpre, com o decreto, sua função de preservação e resgate da memória de Machado, tido pelo pesquisador como o maior escritor brasileiro de todos os tempos. No entanto, ele acredita que, se fosse de interesse real da prefeitura, ela poderia solicitar a remoção dos invasores e transformar as construções em centros de resgate cultural.

– Essas construções fazem parte da história da cidade por serem únicas. A casa na qual ele morreu foi destruída há 35 anos, em plena ditadura militar – exemplifica Teixeira. – Quando Machado se casou com dona Carolina, ele morava na rua dos Andradas. E, apesar de não ter servido de residência efetiva, o casarão da rua da Lapa foi moradia de Machado por 11 meses. É preciso preservar a trajetória de Machado, que nasceu pobre, no morro (do Livramento), e morreu no Cosme Velho, um bairro de ricos. Uma prefeitura consciente tomaria, em complemento ao tombamento, alguma iniciativa de transformar os lugares em espaços culturais.

Memória literária

De acordo com a medida que declara toda a obra literária de Machado de Assis como Patrimônio Cultural Carioca, a pesquisa sobre o trabalho do escritor se torna permanente.

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