segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Continuando a refletir sobre o "autodidatismo"

Um dos muitos resultados do Seminário Manuel Querino, realizado no IGHB entre 25 e 29 de agosto, foi o debate sobre o conceito do "autodidatismo". Já vimos que o termo "autodidata" é utilizada de maneira paternalista e preconceituosa quando um negro do Oitocentos entra em qualquer debate "intelectual". Mas tem outro lado também. Como Isadora Browne Ribeiro colocou, às vezes, pensar sem "mestres" é salutar. Ainda mais no século XIX, quando a maioria esmagadora dos "cientistas" acreditava que as doenças fossem causadas por "miasmas" (o livro A Morte é uma Festa de João Reis contem dados preciosos sobre estas teorias e as "experiências" realizadas para comprová-las), que a capacidade do intelecto pudesse ser medida pelo tamanho do crânio e que existissem "raças" humanas, tão diferentes como cavalos e burros ou patos e cisnes. Livre das correntes "intelectuais" e cientificistas do seu tempo, o "auto-didata" do Oitocentos estava apto a pensar como o cientista moderno - olhando ao seu redor com objetividade e tirando conclusões racionais e válidas.

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