segunda-feira, 30 de junho de 2008

Quem "possui" Manuel Querino?

Segundo o dicionário Houaiss, "possessividade" é um substantivo que significa "Característica do que é possessivo 2. sentimento exagerado de posse; tendência a querer tudo para si, egoísmo 3. tendência à dominação".

Manuel Querino nasceu livre, em tempos de escravidão, portanto certamente se ofenderia com a noção de ser considerado um "bem" do qual qualquer um pudesse "tomar posse".

O historiador norte-americano E. Bradford Burns "descobriu" Querino para o mundo anglofone nos anos 70, mas nem por isso considerou que tivesse "tomado posse".

Antes, muito antes, Artur Ramos, Pedro Calmon e Jorge Calmon, seguidos por Jorge Amado, "descobriram" e "redescobriram" Querino, mas nem por isso consideraram-se seus "donos".

Portanto, creio eu, todos os Querinófilos e Querinólogos deveriam festejar tudo e qualquer esforço que se faça para destacar e perpetuar o nome, a vida e o trabalho de Manuel Raimundo Querino. Todos deveriam juntar-se e unir forças para apoiar, por exemplo, o seminário que Jaime Nascimento tanto luta para realizar.

A união faz a força. As desavenças e rixas egoístas e possessivas conduzem à derrota. Os portugueses dividiam os africanos para conquistá-los. Será que cairemos agora na mesma armadilha, justo na academia que deveria avançar o conhecimento e evoluir, em vez de insistir na possessividade e querer tudo para si?

Quem "possui" Manuel Querino? A resposta mais acertada é "todos", principalmente, a História.

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